Guga Zloccowick e Marcelo Mendes passam por situações inusitadas nos países do Oriente Médio. Calor de 50 graus, Ramadã e treino para mulheres

Bahrein de Futebol de Areia (Foto: Arquivo Pessoal)
O pernambucano Gustavo Zloccowick, o Guga, chegou ao Bahrein em 2006, após passagens pelas seleções de Portugal e da Rússia. O treinador, de 33 anos, falou das dificuldades em trabalhar num país com uma cultura bem diferente da brasileira.
- No futebol de areia daqui do Bahrein, todos os jogadores são amadores e possuem outro emprego. Eles trabalham de manhã e treinam à noite. O país é pequeno, não existem muitos atletas e é difícil garimpar os jogadores que atuam nos clubes de futebol. É complicado, mas é um trabalho gratificante - disse Guga, em entrevista por telefone.
No mundo árabe, todo treinador é obrigado a se adaptar às limitações do Ramadã, o mês sagrado do islamismo. Durante este período, os fiéis fazem jejum (comida, só uma vez por dia), o que prejudica o planejamento dos treinos das equipes.
- Temos que respeitar a religião deles e também o Ramadã, que neste ano vai ser em agosto. É complicado porque tem época que não dá nem para treinar direto. Alguns jogadores chegam para fazer a atividade totalmente desidratados. Além disso, às vezes sou obrigado a parar o treinamento para os jogadores rezarem às 18h, com o pôr do sol - contou.

- Fomos jogar na Jordânia e, após uma partida, aconteceu um jantar na casa do embaixador bem na época do Ramadã. Todo o time estava esperando a hora exata para comer. Eu não sabia disso e, quando o garçom chegou com a bandeja, eu bebi a água e foi a maior vergonha. Todos ficaram olhando para mim, pois não tinha dado a hora ainda. E isso foi logo no ano em que eu cheguei aqui. Foi um grande mico - brincou.
Nas eliminatórias da Ásia para a Copa do Mundo deste ano, que será disputada na Itália, em setembro, a seleção do Bahrein perdeu a vaga para Irã, Japão e Omã. Guga explicou que a sua equipe foi prejudicada por conta do início dos protestos nos países árabes, em fevereiro. O movimento começou com a revolta que derrubou o presidente da Tunísia e teve seu momento mais dramático na rebelião que pôs fim ao regime de Hosni Mubarak, no Egito.
- Duas semanas antes do qualifying, começaram os protestos no mundo árabe. Oito atletas eram do exército e não puderam viajar para disputar o classificatório. Não tivemos condições de treinar. Dos 15 jogadores, perdi oito que ficaram presos no quartel. Fomos com um time inexperiente e não nos classificamos - contou.
Um carioca em Dubai
O carioca Marcelo Mendes, de 41 anos, é o técnico da seleção dos Emirados Árabes Unidos, que treina na cidade de Dubai, e fala de outra dificuldade enfrentada pelos técnicos que trabalham no mundo árabe: o forte calor.

Marcelo, que também é instrutor da Fifa, já deu cursos sobre preparação de equipes do futebol de areia para jovens atletas, ex-jogadores e técnicos em países como Arábia Saudita, Malauí, Sri Lanka, Marrocos e Líbano. O trabalho mais marcante para ele foi realizado com as candidatas a treinadoras do Irã.
- Num país islâmico, as mulheres precisam cobrir praticamente todo o corpo e não se pode tocar nelas. No Irã, as mulheres não cobrem o rosto por completo, basta esconder o cabelo, mas tem que cobrir as pernas. Foi uma experiência bem diferente e até certo ponto bem curiosa. O futebol de areia é bem forte por lá e muitas delas já tinham alguma noção do esporte.

com a camisa do Brasil (Foto: Arquivo Pessoal)
- No Malauí, passei por uma experiência enriquecedora. Lá, as casas são muito pobres, tem ruas de terra batida e muita miséria. Com a minha comissão técnica, visitamos escolas para fazer doações. Vivenciar de perto esse tipo de situação me fez refletir muito.
Técnico da seleção brasileira, Alexandre Soares participa de seminários e cursos voltados para os profissionais que desejam aprender mais sobre o futebol de areia. O treinador, que é instrutor da Fifa, falou da importância de passar o conhecimento da modalidade para técnicos e jogadores de outros países.
- Tive a oportunidade de participar de seminários e cursos na Argentina e na Suíça e foi uma experiência muito bacana. Eles tentam aprender com a gente um pouco de tudo. O importante é poder passar a nossa experiência e adaptar isso dentro da realidade e a cultura destes países. Isso é fundamental para o crescimento do esporte - afirmou. se quizer saber mais acesse o sit :http://globoesporte.globo.com/eventos/futebol-de-areia/noticia/2011/06/no-mundo-arabe-tecnicos-brasucas-tem-que-se-adaptar-novas-culturas.html
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