
do Brasil (Foto: Daniel Zappe / FOTOCOM.NET)
Não foi por causa da segurança que o carioca decidiu deixar a cidade-natal, há três anos. Em Belo Horizonte, encontrou no Minas Tênis Clube a estrutura de treinamentos que não achava no Rio e um professor, Floriano Almeida, que se adequou melhor ao seu estilo. Ele estava longe quando as Forças Armadas ocuparam duas favelas próximas a Vista Alegre - Vila Cruzeiro e Complexo do Alemão - em novembro do ano passado.
Militar desde 2005 - inclusive foi medalha de bronze nos Jogos Mundiais Militares da Índia, em 2007 - Pessanha torceu pelos companheiros de exército à distância. Ao retornar ao Rio para visitar a família no começo do ano, constatou as mudanças no astral da cidade.
- O Rio esta um lugar mais seguro para se viver, as pessoas estão mais tranquilas. Tenho parentes e amigos em favelas, como Parada de Lucas e Vigário Geral, e os amigos que passam pela Penha dizem que está bem normal - diz Pessanha, que conta que a percepção da cidade fora do estado também mudou: - Em Belo Horizonte, as notícias quer você ouvia do Rio eram de tiroteios, quebra de cabines de polícia, etc. Hoje, não ouvimos mais isso.
Segundo judoca, crianças carentes têm mais facilidade no judô
Entretanto, Pessanha sabe que a paz está longe de estar consolidada. Apesar da sensação de segurança que percebe-se na cidade, algumas estatísticas do crime seguem altas e o tráfico de drogas e milícias ainda agem em muitas comunidades. O judoca argumenta que a violência que cerca as escolas em algumas favelas afasta as crianças do sistema de ensino e a falta de oportunidade leva o jovem à criminalidade.

favelas presentes ao Maracanãzinho (Foto: Reuters)
- No judô, aprendemos desde pequenos a respeitar o mais velho, o sensei e a hierarquia. Se isso for ensinado desde pequeno, a gente consegue diminuir essa criminalidade. Vejo muito que quanto mais tempo a criança passou brincando na rua, tem mais facilidade para aprender os golpes, e nas comunidades carentes, tem muito disso, criança que solta pipa, pula muro, etc. Seriam grandes pólos pro judô. Imagina se fosse criado um centro de judô em cada favela, como seria legal pro esporte. Isso ajudaria a diminuir a criminalidade anos depois, porque o menino ficaria focado no judô, ia ganhar bolsa de estudos, não ia ficar tanto tempo na rua aprendendo o que não deve, teria que acordar cedo pra treinar no dia seguinte. Menos um pro caminho do crime, já é uma vitória - explica.
A ideia de Pessanha vem sendo levada adiante em algumas favelas. Neste fim de semana, o judoca lutará frente a alunos do Instituto Reação, de Flávio Canto, e da UPP São Carlos, que levam o esporte a crianças de comunidades carentes. Ainda desacostumado ao papel de ídolo, o judoca apenas agradece ao apoio especial que virá das arquibancadas.
- Eu ainda não entendi muito bem isso de servir como exemplo e referência. Meu pai de vez em quando encontra algum amigo que fez judô comigo, na rua ou quando vai a alguma competição, e fala pra mim, "Você não tem noção da influência que é para essas crianças." Realmente ainda não tenho. Só acho legal que vou ter uma torcida a mais e espero fazer uma boa competição para deixá-los bem orgulhosos - promete o judoca.
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